segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Em Conflito


Sabe aquela espera por um emprego melhor, um grande amor, ficar mais bonito, ganhar dinheiro? Sabe? Eu não sei mais. Simplesmente foram perdendo todo sentido. Nada disso importa mais que nada. Nada importa.
Já pensou em desistir? Como? Não falo de acabar com a vida, mas de desistir, largar de mão essas tentativas frustradas e sempre falsamente renovadas com um novo propósito, uma nova meta. Essas metas não chegam. E quando chegam, perdem o sentido. Pois eu não penso nisso. Essa idéia me vem à cabeça como um instinto natural, subconsciente. Não planejo pensar, não controlo mais. Passei bons anos tentando manipular meus pensamentos.. Aquela história, pensar em coisas boas, me moldar, crescer...
Venho tentando crescer. Muita gente me diz que esse momento é muito rico, que é uma transição para aprendizados muito valiosos, que somente num momento de desesperança você enxerga sua força. Pois a minha aparece sob forma de relutância. Me nego a tentar. Não que eu não queira, mas a força que eu tinha pra levantar está sendo usada como letargia, uma forte letargia. Talvez seja aquele mecanismo do desmaio, que seu organismo quer te proteger da dor.. pode ser.. Acredito que a natureza seja uma força muito maior do que nós poderemos algum dia compreender.. e nos resta aceitá-la, onipotente, soberana... forte. 
Poderia tranquilamente largar tudo nesse exato momento e sair por aí, pela rua, ver como me saio. Afinal, tanto faz. O que é tudo? Um emprego público, uma casa cedida pela empresa. Só. Fiz um pacto de sangue e minha vida pertence ao governo. Não entrarei em méritos políticos, digo isso de uma forma universal, pensando na Terra como somente um planeta, partidos não tem o menor sentido nessas observações.
Não sinto que sou dona de mim. Pertenço à essa natureza que não me deixa escolhas, e a essa empresa que amarra minha casa e essa ilusória independência.
Se já pensei sobre esses valores? Claro. Casa? Dinheiro? Não é nada mas é tudo, na minha mísera covardia de me acomodar aqui. O que é conflitante: se acomodar com algo que almejei, algo pelo qual sou parabenizada, admirada. "$la passou num concurso público". Esse cifrão foi sem querer. mas acho que fez todo sentido. Esse motivo de admiração é tão encrustado em mim que não tenho coragem de perdê-lo. Não sei se faz sentido também, não me vejo em condições de tomar decisões. Mas minha natureza grita, e boicota minhas tentativas de me adaptar a esse sisteminha.
O que quero dizer é que existe uma forte tendência pra que eu mude minha vida. Só não sei como. Será que ir pro exterior, como aquelas histórias? Será que vou conseguir? Nesse momento só consigo pensar que é a única maneira de sobreviver a essa minha natureza.
Nos últimos tempos estou me vendo entrar cada vez mais profundamente num estado depressivo, no qual nunca cheguei. Aliás, cheguei muito perto, na adolescência, saí de casa, me viciei em amores, entorpecentes, de alguma forma. Hoje meu estado depressivo se assemelha tanto que me vêm à memória cenas daquele tempo. Como quando ouvimos uma música e sentimos "aquela época".. Ouço meus pensamentos e retomo aquela vivência, aquele estado emocional, aquela vontade de romper com tudo e me redescobrir.
Escrevo porque leio, e lendo vejo sentido. A escrita é mágica, classifica e padroniza nosso instinto desconjuntado. Coloca em potes de palavras, parágrafos que rotulam cada linha de pensamento. Isso me emociona, pois toca o interior humano tão misterioso.. Talvez as palavras sejam mesmo a desmistificação do sentimento. Talvez seja só isso mesmo, não há nada mais a ser pensado, somente o que pode ser escrito. E agora um vazio na minha alma, por ter deixado tudo aqui nessa tela de computador.


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