segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sobrevida

Acabo de passar um dos momentos mais aterrorizantes da minha vida. Dirigindo, sozinha, numa estrada perigosíssima, cheia de curvas, à noite, numa chuva monstruosa, com deslizamentos a todo momento.
Terra, lama, pedras, troncos de árvores, poças imensas, já formando rios, no meio da estrada.
E eu ouvindo Djavan, coração acelerado e uma estranha sensação de conformismo.
Como uma pessoa pode ser desequilibrada em assuntos banais e se comporta em uma situação de pânico com um misto de fé em que existe um deus que vai me proteger, e um conformismo? Pois se eu me desesperar ou não vai dar no mesmo, na verdade vai ser pior eu me desesperar.
Pra quem sabe, nao foi a primeira vez que fui salva, e isso me faz ter uma esperança infantil, mas (porque não?) válida como argumento pra achar que de alguma forma eu sou especial em algum lugar.
Por outro lado uma possível morte não me aterrorizava tanto, e isso me fazia ter mais controle sobre mim e sobre o carro.
Porque eu nao ajo assim nas minhas pequenas histórias, se a vida se resume ao fim, e eu poderia ter morrido agora e nenhum dos meus pitis teriam adiantado merda nenhuma?
Porque não acreditar que há algo superior que rege tudo e está fora do nosso controle, nos poupando de preocupações insanas?
Vou tentar levar essa sensação, por isso fiz questão de registrar.

4 comentários:

  1. Eu experimentei algo parecido esses dias, mas não foi com algo tão tenso.
    Eu estava em Coelho Neto, e andando tropecei e caí. Mas a queda, diferente de todas outras quedas, foi a coisa mais natural do mundo, como se cair e andar fossem a mesma coisa. Eu amei a queda e a possibilidade de me levantar dela e perceber que todo mundo cai, não preciso me envergonhar.
    Continuo te acompanhando.

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  2. Engraçado vc dizer que amou a queda. Nós mesmos criamos um grande teatro estúpido e esquecemos que somos bichos, e cair, levantar, viver, morrer, faz parte e só.
    Acho que sentimos na pele a coisa do amor fati, de aceitar e se sentir nada diante do mundo, e de amar exatamente por ele ser tão maior que as nossas vontades.

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  3. ahaa.. sei lá, amor à vida, ao destino..

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